
Não lembro bem a idade que tinha quando comecei a frequentar a escola, mas sei que era muito criança, devia ter uns 3 ou 4 anos. Morava com meus avôs e minha tia na Zona Rural. Ela era professora de uma turma de multisseriado e a escola que lecionava era um pouco distante, então era levada por ela à escola para fazer companhia. Lembro-me bem que comecei auxiliando-a com os alunos entregando as cartilhas, os cadernos e as tarefas realizadas, justamente por se tratar de uma turma que englobava várias séries.
Comecei então a me interessar desde cedo pelas ilustrações e pelas histórias que continham nas cartilhas. E de tanto ouvir minha tia soletrar sílabas, acabei aprendendo a ler muito cedo. Fui logo alfabetizada e por isso passei a auxiliá-la ajudando com os colegas que mais tinham dificuldades na leitura.
Ela tinha apenas o que se chamava antigamente do curso admissão, ou seja, era uma professora leiga, que adotava o método tradicionalista. Cartilhas que mostravam o alfabeto e a formação de sílabas que eram soletradas e decoradas pelos alunos, da mesma forma se trabalhavam as quatro operações, onde também se decorava a tabuada. Não existia nenhum trabalho de conscientização para mostrar a compreensão e interpretação de textos, até porque as atividades dos livros eram apenas de lê os textos e dizer as características ou ações realizadas pelas personagens.
Sei que fui privilegiada, pois apesar de ter sido alfabetizada por uma professora leiga, ela se preocupava muito com o aspecto “leitura” e sempre comprava livros paradidáticos e até didáticos para melhorar o seu trabalho. Ela sempre nos mandava ler as historinhas dos livros paradidáticos e contar o que havia lido. Hoje sei que isso é compreensão de texto, mas na época não existia essa consciência.
Na preparação de suas aulas, sempre escolhia livros de histórias e mandava que eu lesse para ela ouvir. Logo após a leitura me perguntava qual história eu havia gostado mais e assim decidíamos qual a que deveria ser levada para ser lida em sala de aula. A maior preocupação dela era para que os alunos aprendessem a ler corretamente. Lembro bem que dentre tantos livros lidos os que mais marcaram minha infância foram: Os Três Porquinhos, Branca de Neve e os 7 anões, Cinderela e O Gato de Botas.
Depois de sair da escola da Zona Rural, ingressei numa escola da cidade para fazer a alfabetização e as demais séries do Ensino Primário como era chamado antigamente. Na alfabetização me sentia o próprio Rui Barbosa, pois me destacava entre os demais alunos por já saber ler e escrever. Nas séries seguintes mesmo os professores sendo tradicionalistas sempre trabalhavam com leitura, compreensão e produção de texto de forma descontextualizada, mas mesmo assim sempre produzi textos.
A minha passagem pelo Ensino Fundamental II foi frustrante, não foi nada do que eu esperava. Os trabalhos com as produções de textos mesmo de forma descontextualizadas foram substituídas por puras aulas de gramática, que eu não conseguia assimilar. Passei a ter ojeriza pela professora que infelizmente me acompanhou por todo o Ensino Fundamental. E por não gostar da professora passei a detestar a disciplina de Língua Portuguesa.
Passei para o 2º Grau adentrando no Curso de Magistério. Minha paixão pela Língua Portuguesa já havia literalmente “descido pelo ralo”. Mas com o continuar do curso as atividades de leitura, escrita, compreensão e produção de texto passaram a fazer parte do meu cotidiano escolar. Não que as minhas frustrações com a Língua Portuguesa tivessem sido resolvidas, mas de alguma forma aplacaram algumas das minhas inquietudes.
Após concluir o curso magistério, passei no concurso da Rede Estadual para o Ensino Fundamental I, e assim assumi a função de professora, consequentemente voltaram as minhas angústias, agora em relação à maneira de ensinar a famosa Língua Portuguesa. E assim se deram noites e noites de estudos e mesmo assim as dúvidas continuaram. Resolvi então fazer graduação e não sabia se fazia Matemática, disciplina esta que dominava muito bem, ou se fazia Língua Portuguesa, disciplina que me esforçava bastante para transmitir aos meus discentes. E num rompante, fiz minha matrícula no curso de Letras. Estava entrando em um túnel escuro, mas lembro que esperava solucionar todas as minhas dúvidas e questionamentos em relação à metodologia que usava em sala de aula para transmitir a “Língua”. Dessa vez minha frustração foi ainda maior, pois não aprendi nenhuma fórmula para trabalhar leitura, compreensão e interpretação, produção e reescrita de textos. E mais uma vez a história se repetia, e desta vez, ainda mais comprometedora, pois agora envolvia não só a mim, mais outras pessoas que poderiam também ficar frustradas com a Língua Portuguesa.
E foi tentando fazer o melhor e dar o melhor de mim, que fui executando minhas aulas. E com pesquisas, cursos e mais cursos fui aprimorando minha metodologia de ensino achando-a até quase perfeita. Entre os caminhos trilhados, mudei para o Recife e para minha felicidade tive a honra de lecionar na Escola Engenheiro Lauro Diniz, escola esta, aberta às mudanças e transformações. Fui convidada a participar da seleção para ingressar no “Projeto Avaliar com os Pés no Chão da Escola” da UFPE em parceria com a Secretaria de Educação do Estado. Lembro-me bem que na época disse uma frase à professora Targélia Alguquerque Professora: “eu me achava à melhor professora de Língua Portuguesa, e hoje com este projeto, percebo que não sei quase nada”. Durante o período de execução do projeto tive a oportunidade de estudar com as professoras, Lívia Suassuna e Vicentina Ramires. E como tantos outros profissionais da educação, percebi que as angústias em relação ao ensino/aprendizagem da Língua sempre se davam em torno da leitura, escrita, compreensão e produção, reescrita de textos e análise linguística. Com um trabalho de relatos de experiências, observações de estagiários em sala de aula, experiências vivenciadas com os alunos, aulas teóricas e práticas sobre os conteúdos programáticos da Língua e com a culminância de um seminário e a publicação do livro “Avaliar com os Pés no Chão da Escola, mudei minha metodologia e transformei minhas aulas em algo prazeroso.
Hoje, na escola temos uma diversidade textual grande, onde vemos desde textos narrativos, dissertativos entre outros. O campo é bem mais amplo. Mas no caso dos alunos, a falta de interesse pela leitura é notória e está sendo substituída por artigos pessoais da internet. Quando eles leem algo é por obrigação, e na maioria das vezes as produções são feitas para cumprir os conteúdos programáticos, não pelo prazer e pela importância da leitura.
Acho que profissionais comprometidos com a “Educação” tentam fazer a diferença, despertando o interesse dos alunos por uma leitura e uma redação prazerosa. Sinto até prazer em realizar uma atividade diferenciada dos tempos antigos em que eu frequentava a escola.
Comecei então a me interessar desde cedo pelas ilustrações e pelas histórias que continham nas cartilhas. E de tanto ouvir minha tia soletrar sílabas, acabei aprendendo a ler muito cedo. Fui logo alfabetizada e por isso passei a auxiliá-la ajudando com os colegas que mais tinham dificuldades na leitura.
Ela tinha apenas o que se chamava antigamente do curso admissão, ou seja, era uma professora leiga, que adotava o método tradicionalista. Cartilhas que mostravam o alfabeto e a formação de sílabas que eram soletradas e decoradas pelos alunos, da mesma forma se trabalhavam as quatro operações, onde também se decorava a tabuada. Não existia nenhum trabalho de conscientização para mostrar a compreensão e interpretação de textos, até porque as atividades dos livros eram apenas de lê os textos e dizer as características ou ações realizadas pelas personagens.
Sei que fui privilegiada, pois apesar de ter sido alfabetizada por uma professora leiga, ela se preocupava muito com o aspecto “leitura” e sempre comprava livros paradidáticos e até didáticos para melhorar o seu trabalho. Ela sempre nos mandava ler as historinhas dos livros paradidáticos e contar o que havia lido. Hoje sei que isso é compreensão de texto, mas na época não existia essa consciência.
Na preparação de suas aulas, sempre escolhia livros de histórias e mandava que eu lesse para ela ouvir. Logo após a leitura me perguntava qual história eu havia gostado mais e assim decidíamos qual a que deveria ser levada para ser lida em sala de aula. A maior preocupação dela era para que os alunos aprendessem a ler corretamente. Lembro bem que dentre tantos livros lidos os que mais marcaram minha infância foram: Os Três Porquinhos, Branca de Neve e os 7 anões, Cinderela e O Gato de Botas.
Depois de sair da escola da Zona Rural, ingressei numa escola da cidade para fazer a alfabetização e as demais séries do Ensino Primário como era chamado antigamente. Na alfabetização me sentia o próprio Rui Barbosa, pois me destacava entre os demais alunos por já saber ler e escrever. Nas séries seguintes mesmo os professores sendo tradicionalistas sempre trabalhavam com leitura, compreensão e produção de texto de forma descontextualizada, mas mesmo assim sempre produzi textos.
A minha passagem pelo Ensino Fundamental II foi frustrante, não foi nada do que eu esperava. Os trabalhos com as produções de textos mesmo de forma descontextualizadas foram substituídas por puras aulas de gramática, que eu não conseguia assimilar. Passei a ter ojeriza pela professora que infelizmente me acompanhou por todo o Ensino Fundamental. E por não gostar da professora passei a detestar a disciplina de Língua Portuguesa.
Passei para o 2º Grau adentrando no Curso de Magistério. Minha paixão pela Língua Portuguesa já havia literalmente “descido pelo ralo”. Mas com o continuar do curso as atividades de leitura, escrita, compreensão e produção de texto passaram a fazer parte do meu cotidiano escolar. Não que as minhas frustrações com a Língua Portuguesa tivessem sido resolvidas, mas de alguma forma aplacaram algumas das minhas inquietudes.
Após concluir o curso magistério, passei no concurso da Rede Estadual para o Ensino Fundamental I, e assim assumi a função de professora, consequentemente voltaram as minhas angústias, agora em relação à maneira de ensinar a famosa Língua Portuguesa. E assim se deram noites e noites de estudos e mesmo assim as dúvidas continuaram. Resolvi então fazer graduação e não sabia se fazia Matemática, disciplina esta que dominava muito bem, ou se fazia Língua Portuguesa, disciplina que me esforçava bastante para transmitir aos meus discentes. E num rompante, fiz minha matrícula no curso de Letras. Estava entrando em um túnel escuro, mas lembro que esperava solucionar todas as minhas dúvidas e questionamentos em relação à metodologia que usava em sala de aula para transmitir a “Língua”. Dessa vez minha frustração foi ainda maior, pois não aprendi nenhuma fórmula para trabalhar leitura, compreensão e interpretação, produção e reescrita de textos. E mais uma vez a história se repetia, e desta vez, ainda mais comprometedora, pois agora envolvia não só a mim, mais outras pessoas que poderiam também ficar frustradas com a Língua Portuguesa.
E foi tentando fazer o melhor e dar o melhor de mim, que fui executando minhas aulas. E com pesquisas, cursos e mais cursos fui aprimorando minha metodologia de ensino achando-a até quase perfeita. Entre os caminhos trilhados, mudei para o Recife e para minha felicidade tive a honra de lecionar na Escola Engenheiro Lauro Diniz, escola esta, aberta às mudanças e transformações. Fui convidada a participar da seleção para ingressar no “Projeto Avaliar com os Pés no Chão da Escola” da UFPE em parceria com a Secretaria de Educação do Estado. Lembro-me bem que na época disse uma frase à professora Targélia Alguquerque Professora: “eu me achava à melhor professora de Língua Portuguesa, e hoje com este projeto, percebo que não sei quase nada”. Durante o período de execução do projeto tive a oportunidade de estudar com as professoras, Lívia Suassuna e Vicentina Ramires. E como tantos outros profissionais da educação, percebi que as angústias em relação ao ensino/aprendizagem da Língua sempre se davam em torno da leitura, escrita, compreensão e produção, reescrita de textos e análise linguística. Com um trabalho de relatos de experiências, observações de estagiários em sala de aula, experiências vivenciadas com os alunos, aulas teóricas e práticas sobre os conteúdos programáticos da Língua e com a culminância de um seminário e a publicação do livro “Avaliar com os Pés no Chão da Escola, mudei minha metodologia e transformei minhas aulas em algo prazeroso.
Hoje, na escola temos uma diversidade textual grande, onde vemos desde textos narrativos, dissertativos entre outros. O campo é bem mais amplo. Mas no caso dos alunos, a falta de interesse pela leitura é notória e está sendo substituída por artigos pessoais da internet. Quando eles leem algo é por obrigação, e na maioria das vezes as produções são feitas para cumprir os conteúdos programáticos, não pelo prazer e pela importância da leitura.
Acho que profissionais comprometidos com a “Educação” tentam fazer a diferença, despertando o interesse dos alunos por uma leitura e uma redação prazerosa. Sinto até prazer em realizar uma atividade diferenciada dos tempos antigos em que eu frequentava a escola.
Maria Edna Muniz Figueiredo
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